Eu não sou uma supermãe!

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Quando meu filho nasceu, eu pensei que alguma mágica teria que acontecer, afinal, eu havia me tornado mãe e nós mulheres sempre escutamos que temos um “instinto materno”. Pensei que magicamente eu conseguiria descobrir, só pelo olhar, o que o bebê precisava para parar de chorar, seja comida, trocar fraldas ou um colinho.

Para minha surpresa, não foi bem assim que aconteceu e eu descobri que a história de tornar-se um ser todo-poderoso que sabe de tudo (para o meu desespero) era uma farsa. Hoje, em homenagem ao Dia das Mães, vim revelar para vocês como eu aprendi que não sou uma supermãe. Continue a leitura e confira!

O meu maior desejo nos primeiros meses

Quando você passa pelo parto, que é cansativo, te deixa exausta e emocionalmente fragilizada, você pensa: o pior já passou. Mas o que ninguém te conta é que, na verdade, essa parte nem era a mais difícil. Você vai para casa e tem aquela coisinha fofa, maravilhosa e pequena no seu colo. Quem diria que podem sair gritos dali que podem acordar até as múmias do Egito?

Você precisa amamentar, cuidar, trocar fraldas e estar atenta 24 horas por dia. As horas de sono tornaram-se tão escassas que eu desejava, do fundo do meu ser, poder dormir uma noite inteira. Ainda tem as visitas que, bem-intencionadas, insistem em aparecer e tirar muitas fotos de você com a cara inchada e um bebê no colo. “Que lindo!”, eles dizem. “Lindo seria dormir muito”, você pensa.

No meu caso, eu não estava com o pai do meu filho na época e quem me ajudava como podia era minha mãe. Mas, como eu tenho uma mulher maravilhosa como mãe, ela sempre deixou que eu tivesse a responsabilidade, pois sabia que eu precisava passar por aquilo para amadurecer. Hoje eu entendo e agradeço (muito). Valeu, mamãe linda!

A ajuda é sempre muito bem-vinda, pena que nem sempre ela vem de onde deveria, né? Muitas mulheres, mesmo quando são casadas, não têm o apoio do parceiro, pois a sociedade sempre impõe isso como um papel da mulher e isso fica tão internalizado que acabamos acreditando que realmente é nossa responsabilidade fazer a maior parte e que o pai só precisa dar uma “ajudinha”, e olhe lá.

É por isso que é um auê quando encontram um pai que cuida do bebê. É como se ele fosse especial, maravilhoso, quando na verdade ele não está fazendo mais do que a sua obrigação.

O constante medo de errar

O medo de fazer algo errado é constante e, creio eu, que dure eternamente. Lembra do tal do instinto materno? Eu sinto dizer que, na verdade, ele não existe. Eu descobri que mães são apenas mulheres que tiveram filhos e fazem o possível para fazer tudo da melhor maneira que puderem. No meio do caminho, com certeza, podem existir erros, muita culpa e desgaste emocional.

A maior parte de nós trabalha e se desdobra em mil para conseguir criar aquela criaturinha que depende de nós para tornar-se um ser humano bom, saudável e bem-educado. É uma grande responsabilidade e ninguém te conta que errar faz parte do processo e que você não vai conseguir ser uma supermãe.

Eu trabalho em casa e ainda assim tenho muitas dificuldades. Trabalhar em casa é tiro, porrada e bomba, quando se é mãe.

Aí quando você não é capaz de dar uma de “Bela Gil” na cozinha e dar comida 100% saudável para o seu filho todos os dias, você se sente mal. Quando você não tem tempo (ou dinheiro) para passear com ele sempre, você imagina a vida que queria que ele tivesse e que você não pode dar. Aí sente o quê? Mais culpa.

Eu conversei com outras mães que, assim como eu, sentiam culpa se estivessem se divertindo ou comendo algo diferente e o filho não estivesse presente. Doideira, né?

Com o tempo, percebi que eu também era um ser humano. Que eu poderia sim tentar fazer o melhor, mas que nem sempre seria o melhor e que tudo bem. Eu amo meu filho do fundo do meu ser, mas tem dias que eu queria fugir e isso é normal, considerando a pressão que há em ser mãe.

Aprendi que as pessoas sempre acham que podem te dizer o que é melhor para você e seu filho e muitas vão te julgar pela forma como você educa ele. Já me disseram que eu teria que ser mais dura, que “tudo bem apanhar, muita gente apanhou e deu certo”.

Sem levar em consideração a geração de pessoas com problemas psicológicos que temos hoje, né? Hoje eu escuto os conselhos e absorvo o que pode ser útil, do contrário, sorrio e finjo demência. É a melhor saída.

Mulheres não “nasceram” para ser mães

Tem mães deixando de estudar, abrindo mão de sonhos, passando por mil lutas que as pessoas simplesmente encaram como se fosse algo completamente natural. Por isso, eu realmente entendo quem não quer ser mãe. E esqueça o que te dizem, você não é “menos mulher” por não querer ou não poder ter filhos.

Aquela frase “Quem pariu Mateus que o balance” é o que vão te dizer quando você tiver que deixar de fazer algo que sonhava e não pode mais por causa do seu filho. A maternidade é linda para a sociedade, desde que as mães suportem tudo sozinhas e sem reclamar. Se você disser que tem momentos que você não gosta de ser mãe, “NOSSA”, vão te julgar muito. Mas acredito que quase toda mãe já teve esse pensamento.

E você que tem medo, se sente completamente perdida e cheia de culpa, fique tranquila, você não está sozinha. No fundo, todas temos momentos de desespero (muitos) e se você ama seu filho e faz por ele o que pode, é o suficiente. Não se sinta culpada, não deixe que os pensamentos que te dizem que você não é boa o suficiente te consumam.

No Dia das Mães, eu vejo milhares de mensagens nas redes sociais que dizem que as mulheres são maravilhosas, seres sagrados, capazes de tudo e penso: não! Tirem esse fardo de mim! Faço o que posso, mas não sou um ser sobrenatural!

Valorizem muito suas mães, porque não é nada fácil. Perdoem os momentos de descontrole, de dramas, lamentações e chatice. Somos só seres humanos!

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